O passado da minha vida mistura-se cronologicamente. Ultimamente, quando consigo recordar algum acontecimento, não consigo localiza-lo por data. Isso contribui para uma distância (saudável?) em relação a ele.
Por outro lado, sinto o tempo a acelerar de tal forma que fico com a sensação de que tenho dez ou mais vidas incluídas nesta. Tudo isto me obriga a viver mais Agora. Porque se não fosse assim, a agarrar o presente, ficaria sem identidade. E isso, poderia ser a loucura impossível de viver aqui.
Mas confesso que essa possibilidade de loucura é uma tentação.
Pauso nesta reflexão: sem identidade, desprovida do compasso temporal, teria de despedir-me da realidade tri-dimensional, de todos e tudo o que criei até agora. E, mesmo sabendo que posso voltar a re-criar tudo, mais perfeito, não pretendo extrapolar desejos da minha Alma, na intenção de fugir da minha humanidade, escolhida no Grande Amor em parceria com o Universo.
A minha mente insiste em explicar estes fenómenos temporais, como se de um jogo de xadrez se tratasse, num desafio à própria inevitabilidade da morte e do xeque-mate.
Mas não me demoro na espera das respostas, sintetizo o que vou sentindo, em palavras soltas de uma filosofia incompreensível, mas doce.
Afinal, o tempo é uma criação humana, uma forma engenhosa de dar a volta à eternidade da nossa natureza divina, numa necessidade redundante de agarrar o inominável.
É incrível como nos colocamos em caixinhas limitadoras, só para criar o desafio de sair delas e nos maravilharmos outra, e outra vez, com a grandeza da nossa dimensão.
E o Tempo é um dos vértices dessa caixinha, ou mesmo a tampa que é preciso empurrar com toda a força da consciência.
O Tempo acelera-nos a Vida, não precisamos correr, pelo contrário, precisamos pausar para degustar AGORA todo o privilégio de viver.
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