segunda-feira, 7 de junho de 2010

O medo da solidão e a sensação de não ser compreendido



A sensação de solidão é o sinal de que entramos mais profundamente dentro de nós, onde impera o silêncio, onde ninguém, a não ser nós próprios, pode definir quem somos, onde o caminho se faz sem a interferência de crenças alheias, sem a imposição de regras sociais, apenas guiados pela verdade ecoada da nossa Alma.
E nesse vazio, é possível perscrutar o som do Infinito, o nosso berço de paz e amor.
Mas a distância que nos separa de quem ainda não iniciou o caminho de volta para casa, provoca inevitavelmente a sensação de não sermos compreendidos.
Enquanto nos dirigimos para dentro de nós, os outros podem atrasar o passo desaparecendo do horizonte das nossas vidas. Gritarão cada vez mais longe, enquanto nos recolhemos em nós.
Esta consciência, permite-nos aceitar a solidão e a incompreensão como sentimentos necessários num processo que nos devolve a glória do reencontro com a nossa Essência.
Não serão mais um peso, uma dor ou uma mágoa, porque há a certeza profunda de que, mais cedo ou mais tarde, cada um iniciará o seu próprio caminho, e se juntará a nós nesse brilho de vida, nessa origem de Tudo.
E quando recebemos tranquilamente a solidão e a incompreensão, somos libertados da ânsia de que alguém, algures, nos preencha.
E é assim que libertamos igualmente os outros dessa expectativa, podendo finalmente viver a serenidade de uma relação de amor gratuito.

Estaremos cheios de nós. O prazer da solidão será a reconquista do SER, a rendição na batalha entre os vários Eus e não será nunca mais a sensação de “estar só”.

domingo, 6 de junho de 2010

As palavras são como flores e o espaço entre elas, o seu perfume…



- Percebo-te mais pelas palavras que não dizes do que pelas palavras que me dizes.
- Não entendo, como podes ver-me mais naquilo que não digo?

Compreendo que não é fácil aceitar que é no inefável que o sentido das palavras se revela, magnificado pelo silêncio do espaço entre elas. Tento explicá-lo:

- O branco da mensagem é o tempo que a Alma precisa para ressoar a Sua voz numa verdade desmascarada de crenças e de subtilezas do subconsciente.
- Mas então as palavras não servem para nada? Cada uma delas é uma mentira?

Faço a pausa, provoco a reflexão enquanto eu própria procuro as palavras certas (como se isso fosse possível) com a vontade de expressar, num âmbar transparente, o discurso que a Alma tem comigo.

-As palavras são como flores e o espaço entre elas, o seu perfume… A fragrância emanada da forma colorida é invisível e só pode ser sentida; As palavras são a melodia cantada na expiração, e é na pausa de cada inspiração que é colocado todo o sentimento, sem o ruído da mente.

Depois de marcar reticências com o olhar, completo:

- Como se o espaço entre as palavras fosse o eco da Alma: “Escuta! A verdade está contida no silêncio em ti. Brinca com as palavras e larga-as no céu da tua realidade; Elas são papagaios, improvisadas ao capricho do vento, seguradas por cordéis invisíveis para divertirem a tua vida num baloiçar de todas as cores.”