Os astros são como lampiões no caminho da vida que recortam a escuridão iluminando os nossos passos. Podemos escolher outros atalhos ou cortar mato. Mas chegaremos inevitavelmente, talvez em tempos diferentes, cansados ou radiantes, a um mesmo destino; a casa onde reside a nossa magnânime essência.
Num sonho recente, um homem cruza-se na rua comigo e fixa o olhar em mim. Continuo o meu caminho para casa.
Ao sair de novo à rua, encontro o mesmo homem, encostado à parede, como se estivesse à minha espera. Olha-me com intensidade e diz:
- Sabes que não é por acaso que nos encontramos?
Sem responder, começo a dar sentido a este encontro e demoro mais tempo a observá-lo. Tem ar de artista, vestido de uma forma diferente, mas elegante.
Leva-me a casa dele, e acabamos sentados no chão a ver o portefólio das criações dele. Desenhos coloridos, pinturas.
- Sabes que sonhei contigo antes de te conhecer?
Conheci o João na internet e sentimos afinidade nas poucas teclas que trocamos. É de Lisboa e sou convidada na casa dele. Estabeleceu-se uma empatia espontânea entre nós, como se nos conhecêssemos há anos.
Reconheço o homem do sonho porque estou a folhear o seu portefólio de listagens de Fractais. Motivos e padrões coloridos de uma beleza multidimensional.
Também gosta de fotografia e algumas delas parecem pintadas. Projectam claramente a sua habilidade artística.
- Sim? Conta-me.
Conto o sonho, e ele sorri. Acrescenta, contente por confirmar:
- Não és tu que dizes que não existem coincidências?
É verdade. Constato que as pessoas que me conhecem e que normalmente fazem questão em reforçar a sua posição de cépticos, acabam por se render à evidência da perfeição no caos… o que comummente designamos de coincidências.
- Não é por acaso que nos encontramos na Internet, nem é por acaso que estou aqui, nem é por acaso que sonhei contigo antes mesmo de te conhecer.
- Achas que isso tem algum significado especial?
Percebo a subtileza da pergunta. Sei que o João sente uma atracção por mim que pode atrapalhar a nossa relação de amizade. Consegue-se facilmente complicar uma amizade, quando se trata de um homem e de uma mulher.
- Tem sim. Confirma o facto de que tínhamos de nos cruzar neste momento das nossas vidas.
Aproveito para esclarecer que não me sinto disponível para uma relação amorosa.
- Nem eu quero que penses que estás em minha casa por causa disso. O que eventualmente possa sentir por ti, é e será sempre uma questão minha. Não te apoquentas, relaxa, e usufruamos da companhia deliciosa um do outro.
As conversas com João são sempre interessantes. Ele tem interesses astronómicos, que eu ligo com os meus interesses astrológicos. Fico encantada com o desafio que é expor as minhas crenças na Astrologia, principalmente quando o outro se disponibiliza a ouvir apesar do cepticismo. Um Astrólogo amigo disse uma vez que os seus melhores clientes são os cépticos. Compreendo-o perfeitamente.
- Mas Plutão não é um planeta, foi despromovido. A União Astronómica Internacional considera Plutão um planeta-anão, e foi-lhe retirada a classificação de planeta do sistema solar.
- Sim, e nem o sol nem a Lua são planetas, no entanto, astrologicamente falando, são-no. Neste contexto não interessa a classificação científica atribuída, apenas é considerado o arquétipo energético que eles contêm.
- A Astrologia não tem lógica. Como é possível através do signo saber o que vai acontecer?
- Essa Astrologia a que te referes é precisamente aquela que leva muita gente a desconsiderá-la e a desvalorizá-la. Abrimos uma revista e em meia dúzia de linhas pretendem definir o aquário, o carneiro, o virgem.
- Pois. Não é lógico.
- Mas a Astrologia é muito mais do que isso.
- Onde encaixam Plutão e os outros astros do sistema solar na tua Astrologia?
Ao colar o pronome “tua” percebo que ele já está a fazer a diferença. Isso aumenta a minha vontade de continuar a explicar.
- Primeiro, tens de te basear num conceito muito simples, aliás, uma das leis que fazem parte da filosofia do antigo Egipto, o Hermetismo, de Hermes Trismegistus, que diz assim: "O que está em cima é igual ao que está em baixo. E o que está em baixo é igual ao que está em cima".
-Referes-te à correspondência entre o microcosmos em que vivemos e o macrocosmos que nos engloba.
-Isso mesmo, a lei da correspondência.
- Continua - pede-me curioso.
- Vivemos tão absorvidos no nosso microcosmo, numa perspectiva limitada, que não nos apercebemos das correspondências que nos ligam ao macrocosmo que nos abarca.
- Resumindo. O que se passa no macrocosmo é verdadeiro também no microcosmo e vice-versa.
- Sim, e fazendo a devida correspondência, observar os céus pode ajudar a perceber o que se passa nas nossas vidas. Por isso observamos os céus; para aprender mais sobre nós próprios. Na menor partícula existe toda a informação do Universo.
Ele vai confirmando com o seu próprio conhecimento e a conversa promete alargar para além de Plutão.
- Por exemplo, a representação do átomo de hidrogénio corresponde à representação da órbita da lua à volta da terra. Sabias?
- Não sabia, mas não me admiram essas “coincidências”- represento as aspas com movimento dos dedos para cima e para baixo.
- Mas como aplicas esta lei à Astrologia?
- Se acreditarmos que nada é por acaso… aproveitando o exemplo do átomo de hidrogénio, a tua vida tem o seu esquema desenhado no céu.
Interrompe-me no papel de advogado do diabo:
- Não sei se acredito nessa coisa de que não existem coincidências…
- Não existe nada ao acaso neste Universo perfeito. Essa crença de que há coincidências persiste para compensar a incapacidade de perceber a origem dos acontecimentos e a ignorância sobre as leis que os provocam.
- Hum …
- É mais cómodo afirmar, “é por acaso”, em vez de assumir a responsabilidade total sobre tudo o que nos acontece.
- Mas eu não sou responsável pelas asneiras do Sócrates – brinca ele.
- Já lá voltamos, deixa-me continuar com o raciocínio.
- Ok.
- Outra das leis de Hermes, aliás, também considerado uma das divindades mais importantes do antigo Egipto, Toth, afirma que “Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei”.
- Não percebo onde queres chegar.
- Já vais perceber, espera.
O seu ar atento, olhando-me para não deixar escapar nenhum ponto nem virgula ao meu discurso, dá-me ânimo e prossigo:
- A Lei da Correspondência, juntamente com a Lei da Causa e Efeito, é a explicação para o funcionamento perfeito da Astrologia, bem como de todos os outros oráculos.
Serve-me o chá muito lentamente com receio de não conseguir ouvir-me enquanto o líquido quente e de fragrancia exótica é vertido nas chávenas.
- A partir do momento em que te assumes como o único responsável dos acontecimentos na tua vida, nunca te rendendo como vítima das circunstâncias, mesmo que não lhes conheças as causas de uma forma consciente e evidente… Se juntares a crença de que tudo está ligado entre si e que o que observamos nos astros se projecta nas nossas vidas, não terás dificuldade em perceber a lógica da Astrologia.
- Tudo ligado entre si - diz repetindo-me - Isso faz-me pensar nas últimas descobertas da Física quântica.
É evidente que começamos a divagar, mas acontece de uma forma tão natural e é tão empolgante que o deixo fluir na corrente de pensamentos:
- O físico quântico Indiano, Amit Goswami, expõe a ideia da integração de duas áreas aparentemente contrárias; a ciência e a espiritualidade.
Este seria outro assunto muito interessante a desenvolver e quase caio na tentação de continuar com a polémica e moderna visão científica de Amit. Mas retomo o controlo da conversa, e oriento-a novamente para o tema da Astrologia:
- Concluindo. Sendo a Astrologia uma espécie de pseudociência, sem dúvida que ela necessita de uma boa dose de racionalidade e outra boa dose de intuição. A nossa realidade baseia-se naquilo em que acreditamos. Dificilmente conseguiremos ver ou aplicar nas nossas vidas aquilo em que não acreditamos.
A partir daqui tento explicar, com imagens, como a astrologia no seu todo, nos pinta com as suas cores ao nascermos naquele dia, àquela hora e naquele lugar da terra.
Gosto da metáfora do funil de cores escolhidas numa outra dimensão, onde agendamos a missão que nos propusemos cumprir durante a nossa vida. Ao nascer, passamos o funil vibrante das cores escolhidas numa conjugação complexa de arquétipos de energias. Dou-lhe o meu exemplo:
- E assim nasci Aquário, signo da comunicação e do individualismo, da urgência em ser livre, com ascendente em Sagitário, uma lua, um mercúrio e uma Vénus em Capricórnio na primeira casa.
Explico-lhe o significado da Lua emotiva, do mercúrio mental e da Vénus dos valores e do relacionamento com o outro. Explico-lhe a tonalidade social, organizada e estruturada de Capricórnio. Sagitário marca a busca incessante pelos valores espirituais, o prazer das viagens, tanto interiores como exteriores. A casa um, a casa do eu, da personalidade. E concluo:
- A minha vida foi e continua a ser um palco para a experiencia de valores constantemente renovados. Sou aventureira e inovadora nessa busca e tenho esta necessidade profunda de rebuscar sentimentos, analisá-los e organiza-los. A prioridade na minha vida é sentir-me livre, mesmo com os outros e apesar das constantes batalhas emocionais travadas comigo mesma.
Sou bastante individualista e quase tudo se resume a mim, ao EU. Um egoísmo que não me afasta dos outros mas que me propulsiona em direcção à compreensão de quem eu sou, o que me leva inevitavelmente a aprender a empatia, o amor pela humanidade, e à partilha de conhecimentos.
- Tanta coisa?
- Muitas mais. Este é um pequeno rascunho do esboço inteiro da mandala do meu Mapa Astral.
Acabamos o chá em silêncio deixando as palavras assentarem. Parece que as sinto ainda no ar planando como penas.
A astrologia pode ser um tema integrador de muitos interesses profundos e menos perceptíveis.
Fico com a sensação de que a conversa não acabou, mas a pausa é necessária. Há muitos conceitos novos a tentarem invadir o esquema mental com que nos identificamos.
- Tens de me fazer o Mapa Astral. Parece-me que tenho uma viagem para fazer, quero orientações.
Sorrio. Ele percebeu que a Astrologia pretende orientar quem busca orientação. Que ela propõe demarcar os vários caminhos possíveis que levam ao encontro com nós próprios.
Este oráculo consegue definir os potenciais dinamizadores ou os bloqueios e dificuldades inibidores, sem vetar a lei do livre-arbítrio. A Astrologia prepara o viajante no caminho da vida, para que ele leve consigo tudo o que precisa, preparando-o para uma viagem mais consciente e consequentemente mais gratificante.
- Mais chá?
…
Num sonho recente, um homem cruza-se na rua comigo e fixa o olhar em mim. Continuo o meu caminho para casa.
Ao sair de novo à rua, encontro o mesmo homem, encostado à parede, como se estivesse à minha espera. Olha-me com intensidade e diz:
- Sabes que não é por acaso que nos encontramos?
Sem responder, começo a dar sentido a este encontro e demoro mais tempo a observá-lo. Tem ar de artista, vestido de uma forma diferente, mas elegante.
Leva-me a casa dele, e acabamos sentados no chão a ver o portefólio das criações dele. Desenhos coloridos, pinturas.
- Sabes que sonhei contigo antes de te conhecer?
Conheci o João na internet e sentimos afinidade nas poucas teclas que trocamos. É de Lisboa e sou convidada na casa dele. Estabeleceu-se uma empatia espontânea entre nós, como se nos conhecêssemos há anos.
Reconheço o homem do sonho porque estou a folhear o seu portefólio de listagens de Fractais. Motivos e padrões coloridos de uma beleza multidimensional.
Também gosta de fotografia e algumas delas parecem pintadas. Projectam claramente a sua habilidade artística.
- Sim? Conta-me.
Conto o sonho, e ele sorri. Acrescenta, contente por confirmar:
- Não és tu que dizes que não existem coincidências?
É verdade. Constato que as pessoas que me conhecem e que normalmente fazem questão em reforçar a sua posição de cépticos, acabam por se render à evidência da perfeição no caos… o que comummente designamos de coincidências.
- Não é por acaso que nos encontramos na Internet, nem é por acaso que estou aqui, nem é por acaso que sonhei contigo antes mesmo de te conhecer.
- Achas que isso tem algum significado especial?
Percebo a subtileza da pergunta. Sei que o João sente uma atracção por mim que pode atrapalhar a nossa relação de amizade. Consegue-se facilmente complicar uma amizade, quando se trata de um homem e de uma mulher.
- Tem sim. Confirma o facto de que tínhamos de nos cruzar neste momento das nossas vidas.
Aproveito para esclarecer que não me sinto disponível para uma relação amorosa.
- Nem eu quero que penses que estás em minha casa por causa disso. O que eventualmente possa sentir por ti, é e será sempre uma questão minha. Não te apoquentas, relaxa, e usufruamos da companhia deliciosa um do outro.
As conversas com João são sempre interessantes. Ele tem interesses astronómicos, que eu ligo com os meus interesses astrológicos. Fico encantada com o desafio que é expor as minhas crenças na Astrologia, principalmente quando o outro se disponibiliza a ouvir apesar do cepticismo. Um Astrólogo amigo disse uma vez que os seus melhores clientes são os cépticos. Compreendo-o perfeitamente.
- Mas Plutão não é um planeta, foi despromovido. A União Astronómica Internacional considera Plutão um planeta-anão, e foi-lhe retirada a classificação de planeta do sistema solar.
- Sim, e nem o sol nem a Lua são planetas, no entanto, astrologicamente falando, são-no. Neste contexto não interessa a classificação científica atribuída, apenas é considerado o arquétipo energético que eles contêm.
- A Astrologia não tem lógica. Como é possível através do signo saber o que vai acontecer?
- Essa Astrologia a que te referes é precisamente aquela que leva muita gente a desconsiderá-la e a desvalorizá-la. Abrimos uma revista e em meia dúzia de linhas pretendem definir o aquário, o carneiro, o virgem.
- Pois. Não é lógico.
- Mas a Astrologia é muito mais do que isso.
- Onde encaixam Plutão e os outros astros do sistema solar na tua Astrologia?
Ao colar o pronome “tua” percebo que ele já está a fazer a diferença. Isso aumenta a minha vontade de continuar a explicar.
- Primeiro, tens de te basear num conceito muito simples, aliás, uma das leis que fazem parte da filosofia do antigo Egipto, o Hermetismo, de Hermes Trismegistus, que diz assim: "O que está em cima é igual ao que está em baixo. E o que está em baixo é igual ao que está em cima".
-Referes-te à correspondência entre o microcosmos em que vivemos e o macrocosmos que nos engloba.
-Isso mesmo, a lei da correspondência.
- Continua - pede-me curioso.
- Vivemos tão absorvidos no nosso microcosmo, numa perspectiva limitada, que não nos apercebemos das correspondências que nos ligam ao macrocosmo que nos abarca.
- Resumindo. O que se passa no macrocosmo é verdadeiro também no microcosmo e vice-versa.
- Sim, e fazendo a devida correspondência, observar os céus pode ajudar a perceber o que se passa nas nossas vidas. Por isso observamos os céus; para aprender mais sobre nós próprios. Na menor partícula existe toda a informação do Universo.
Ele vai confirmando com o seu próprio conhecimento e a conversa promete alargar para além de Plutão.
- Por exemplo, a representação do átomo de hidrogénio corresponde à representação da órbita da lua à volta da terra. Sabias?
- Não sabia, mas não me admiram essas “coincidências”- represento as aspas com movimento dos dedos para cima e para baixo.
- Mas como aplicas esta lei à Astrologia?
- Se acreditarmos que nada é por acaso… aproveitando o exemplo do átomo de hidrogénio, a tua vida tem o seu esquema desenhado no céu.
Interrompe-me no papel de advogado do diabo:
- Não sei se acredito nessa coisa de que não existem coincidências…
- Não existe nada ao acaso neste Universo perfeito. Essa crença de que há coincidências persiste para compensar a incapacidade de perceber a origem dos acontecimentos e a ignorância sobre as leis que os provocam.
- Hum …
- É mais cómodo afirmar, “é por acaso”, em vez de assumir a responsabilidade total sobre tudo o que nos acontece.
- Mas eu não sou responsável pelas asneiras do Sócrates – brinca ele.
- Já lá voltamos, deixa-me continuar com o raciocínio.
- Ok.
- Outra das leis de Hermes, aliás, também considerado uma das divindades mais importantes do antigo Egipto, Toth, afirma que “Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei”.
- Não percebo onde queres chegar.
- Já vais perceber, espera.
O seu ar atento, olhando-me para não deixar escapar nenhum ponto nem virgula ao meu discurso, dá-me ânimo e prossigo:
- A Lei da Correspondência, juntamente com a Lei da Causa e Efeito, é a explicação para o funcionamento perfeito da Astrologia, bem como de todos os outros oráculos.
Serve-me o chá muito lentamente com receio de não conseguir ouvir-me enquanto o líquido quente e de fragrancia exótica é vertido nas chávenas.
- A partir do momento em que te assumes como o único responsável dos acontecimentos na tua vida, nunca te rendendo como vítima das circunstâncias, mesmo que não lhes conheças as causas de uma forma consciente e evidente… Se juntares a crença de que tudo está ligado entre si e que o que observamos nos astros se projecta nas nossas vidas, não terás dificuldade em perceber a lógica da Astrologia.
- Tudo ligado entre si - diz repetindo-me - Isso faz-me pensar nas últimas descobertas da Física quântica.
É evidente que começamos a divagar, mas acontece de uma forma tão natural e é tão empolgante que o deixo fluir na corrente de pensamentos:
- O físico quântico Indiano, Amit Goswami, expõe a ideia da integração de duas áreas aparentemente contrárias; a ciência e a espiritualidade.
Este seria outro assunto muito interessante a desenvolver e quase caio na tentação de continuar com a polémica e moderna visão científica de Amit. Mas retomo o controlo da conversa, e oriento-a novamente para o tema da Astrologia:
- Concluindo. Sendo a Astrologia uma espécie de pseudociência, sem dúvida que ela necessita de uma boa dose de racionalidade e outra boa dose de intuição. A nossa realidade baseia-se naquilo em que acreditamos. Dificilmente conseguiremos ver ou aplicar nas nossas vidas aquilo em que não acreditamos.
A partir daqui tento explicar, com imagens, como a astrologia no seu todo, nos pinta com as suas cores ao nascermos naquele dia, àquela hora e naquele lugar da terra.
Gosto da metáfora do funil de cores escolhidas numa outra dimensão, onde agendamos a missão que nos propusemos cumprir durante a nossa vida. Ao nascer, passamos o funil vibrante das cores escolhidas numa conjugação complexa de arquétipos de energias. Dou-lhe o meu exemplo:
- E assim nasci Aquário, signo da comunicação e do individualismo, da urgência em ser livre, com ascendente em Sagitário, uma lua, um mercúrio e uma Vénus em Capricórnio na primeira casa.
Explico-lhe o significado da Lua emotiva, do mercúrio mental e da Vénus dos valores e do relacionamento com o outro. Explico-lhe a tonalidade social, organizada e estruturada de Capricórnio. Sagitário marca a busca incessante pelos valores espirituais, o prazer das viagens, tanto interiores como exteriores. A casa um, a casa do eu, da personalidade. E concluo:
- A minha vida foi e continua a ser um palco para a experiencia de valores constantemente renovados. Sou aventureira e inovadora nessa busca e tenho esta necessidade profunda de rebuscar sentimentos, analisá-los e organiza-los. A prioridade na minha vida é sentir-me livre, mesmo com os outros e apesar das constantes batalhas emocionais travadas comigo mesma.
Sou bastante individualista e quase tudo se resume a mim, ao EU. Um egoísmo que não me afasta dos outros mas que me propulsiona em direcção à compreensão de quem eu sou, o que me leva inevitavelmente a aprender a empatia, o amor pela humanidade, e à partilha de conhecimentos.
- Tanta coisa?
- Muitas mais. Este é um pequeno rascunho do esboço inteiro da mandala do meu Mapa Astral.
Acabamos o chá em silêncio deixando as palavras assentarem. Parece que as sinto ainda no ar planando como penas.
A astrologia pode ser um tema integrador de muitos interesses profundos e menos perceptíveis.
Fico com a sensação de que a conversa não acabou, mas a pausa é necessária. Há muitos conceitos novos a tentarem invadir o esquema mental com que nos identificamos.
- Tens de me fazer o Mapa Astral. Parece-me que tenho uma viagem para fazer, quero orientações.
Sorrio. Ele percebeu que a Astrologia pretende orientar quem busca orientação. Que ela propõe demarcar os vários caminhos possíveis que levam ao encontro com nós próprios.
Este oráculo consegue definir os potenciais dinamizadores ou os bloqueios e dificuldades inibidores, sem vetar a lei do livre-arbítrio. A Astrologia prepara o viajante no caminho da vida, para que ele leve consigo tudo o que precisa, preparando-o para uma viagem mais consciente e consequentemente mais gratificante.
- Mais chá?
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